Miguel Crispim da Costa Rodrigues nasceu em Buenos Aires, em 1874.
Transferiu-se ainda criança para o Brasil, fixando-se em Piracicaba (SP). Anos mais tarde, naturalizou-se brasileiro.
Militar, iniciou sua carreira como soldado da Força Pública do estado de São Paulo, instituição que durante a República Velha possuía efetivos comparáveis aos do Exército. Nela, atingiu o posto de oficial da cavalaria.
Teve participação destacada, em julho de 1924, no levante ocorrido na capital paulista contra o governo de Artur Bernardes, sob o comando do general Isidoro Dias Lopes. Os rebeldes assumiram o controle da cidade durante três semanas, mas sem poder continuar resistindo ao cerco das tropas legalistas, retiraram-se com cerca de 3 mil homens em direção ao estado do Paraná. Ali, em abril do ano seguinte, vieram se juntar a eles as forças que haviam sublevado, nos meses anteriores, guarnições do interior gaúcho sob o comando do capitão Luís Carlos Prestes. Os líderes rebeldes decidiram, então, realizar a integração dos dois grupos em um único exército revolucionário, cujo comando ficou dividido entre Miguel Costa e Prestes. A Coluna Prestes, como ficou conhecido o novo exército - ou Coluna Miguel Costa- Prestes, para alguns - foi dividida em quatro destacamentos, cujos comandos ficaram a cargo de Siqueira Campos, João Alberto, Cordeiro de Farias e Djalma Dutra. Enquanto isso, o general Isidoro, até então considerado o chefe supremo das forças revolucionárias, em virtude de sua idade já avançada, estabeleceu-se na Argentina, de onde organizou uma rede de apoio externo ao movimento.
A Coluna, durante quase dois anos de marcha contínua e frequentes combates com as forças legalistas, percorreu cerca de 25 mil qiulômetros pelo interior do país, cruzando 13 estados da federação. Entre fevereiro e março de 1927 já desgastados e sem perspectivas de vitória contra o governo federal, seus líderes optaram por encerrar aquela fase do movimento e abandonar o território brasileiro, dirigindo-se à Bolívia. Em seguida, Miguel Costa fixou-se na Argentina, em companhia da maior parte dos líderes revolucionários.
Em 1930, deu apoio ao movimento que derrubou o presidente Washington Luís e levou Getúlio Vargas ao poder. Participou das operações militares e acompanhou a comitiva de Vargas que chegou a São Paulo, a caminho do Distrito Federal. Na luta que se travou pelo controle do governo paulista após a vitória dos revolucionários - opondo os tenentes aos membros do Partido Democrático (PD) - deu apoio ao nome de João Alberto, representante das forças tenentistas, que acabou indicado por Vargas. Foi nomeado, então, comandante da Força Pública paulista e secretário de Segurança do estado.
Ainda no mês de novembro de 1930, fundou a Legião Revolucionária (LR), organização que buscava mobilizar setores médios e do operariado, em apoio ao novo regime. Enfrentava, então, forte oposição dos setores mais conservadores do estado, que não viam com bons olhos a presença de militares no comando da política estadual e menos ainda uma organização como a LR, que baseava sua atuação política na mobilização de massas.
Em julho de 1931, com a queda de João Alberto da interventoria paulista, foi afastado da Secretaria de Segurança, mas manteve-se no comando da Força Pública. No ano seguinte, com o acirramento dos conflitos políticos no estado, promoveu uma reforma organizativa na LR, transformando-a no Partido Popular Paulista (PPP). Ainda nesse ano, foi afastado do comando da Força Pública pelo novo interventor, Pedro de Toledo. Com o início da Revolução Constitucionalista em julho de 1932, em São Paulo, à qual se opunha, foi preso, sendo libertado somente após a derrota do movimento.
Nos anos seguintes afastou-se, gradualmente, de Vargas. Em 1935, aderiu à Aliança Nacional Libertadora (ANL), frente política que reunia socialistas, comunistas, tenentes descontentes com os rumos da Revolução de 1930 e outros setores de esquerda, aglutinados em torno de uma plataforma nacionalista e antifascista. Em julho de 1935, Prestes, a principal liderança da organização, divulgou manifesto em que pregava a derrubada de Vargas pelas armas e exigia todo o poder à ANL. Vargas aproveitou-se do conteúdo insurrecional do manifesto para colocar a ANL na ilegalidade. Miguel Costa escreveu, então, a Prestes criticando-o pela precipitação.
Embora não tenha participado diretamente dos levantes deflagrados, em novembro, por dirigentes aliancistas, acabou preso, perdendo a cidadania brasileira e a patente de general honorário de Exército. Esses títulos só foram recuperados pouco antes de morrer, em 1959, na capital paulista.
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