Livro lançado em 2022 pelo prof. Celso Castro inclui 16 autoras e autores, a grande maioria inéditos no Brasil.
A obra busca ir além do cânone tradicional, que é formado por homens, brancos e europeus ou norte-americanos em sua quase totalidade, como os “pais fundadores” Marx, Durkheim e Weber, e traz à luz os textos de ‘mães fundadoras’, além de autores não ocidentais ou não brancos.
Para o desenvolvimento deste livro, Celso Castro utilizou três critérios principais para a seleção dos textos, sendo o primeiro o de não estarem presentes nas coletâneas tradicionais das Ciências Sociais, o que revela a diversidade dos estudos; o segundo, o do pioneirismo ou do impacto que tiveram em seus contextos nacionais ou regionais, o que amplia o campo de possibilidades do cânone; e o terceiro, justificado pelas suas próprias preferências, é o da beleza e relevância que ele atribui aos textos selecionados.
Assim, formulados os critérios de escolha por parte do organizador da coletânea, ela traz os textos indicados a seguir, antecedidos pelas apresentações de suas autoras e seus autores:
Como observar a moral e os costumes, de 1838, da inglesa Harriet Martineau, britânica e que o organizador considera a fundadora das ciências sociais; Hierarquização fictícia das raças humanas, de 1885, do haitiano Anténor Firmin; Infância, de 1887, da indiana Pandita Ramabai; Preconceito de cor, de 1899, do norte-americano e pioneiro da sociologia urbana W. E. B. Du Bois; Autoridade e autonomia no casamento, de 1912, da alemã Marianne Weber; o escrito de 1916, Preconceitos sobre a raça indígena e sua história, do mexicano Manuel Gamio; Memórias de mulheres: transmitindo o passado, como ilustrado pela história do Bebê Diabo, de 1916, da americana e segunda mulher a ganhar o Prêmio Nobel da Paz, Jane Addams; A gênese do nacional-socialismo: notas de análise social, texto de 1937, da austríaca Lucie Varga; Contradições culturais e papéis sexuais, de 1946, da russa Mirra Komarovsky; Teoria e psicologia do ultranacionalismo, de 1946, do japonês Masao Maruyama; Uma aristocracia africana, do ano de 1947, da antropóloga sul-africana Hilda Kuper ; Burguesia negra, de 1955, do americano E. F. Frazier; Nota sobre sanscritização e ocidentalização, de 1956, do indiano M. N. Srinivas; Ásia como método, de 1961, do japonês Yoshimi Takeuchi; Ocidentose: uma praga do Ocidente. Diagnosticando uma doença, de 1962, do iraniano Jalal Al-e Ah.mad e Relações centro-periferia: uma chave para a política turca?, do turco Serif Mardin, do ano de 1973.
Celso Castro afirma que conhecer esses textos, que não fizeram parte de sua formação acadêmica original, circunscrita ao cânone tradicional, representou um alargamento da sua percepção em relação ao mundo das ciências sociais e pretende, em suas palavras, “que esta seleção feita ajude a formar uma geração de cientistas sociais que estudem a realidade social a partir de perspectivas mais amplas, diversas e coloridas do que aquelas que presidiram minha formação. Teremos assim ciências sociais mais abrangentes, diversas e renovadas”.
O objetivo da obra é a divulgação dessa diversidade de textos, ampliando o campo de possibilidades do cânone e sugerindo novas perspectivas para a compreensão da realidade social.
Reflexões sobre uma aventura para Além do Cânone (por Celso Castro): sobre-alem-do-canone.pdf
Disponível na Editora FGV