Gregório Fortunato nasceu em São Borja (RS) no mês de maio de 1900, filho de Damião Fortunato e de Ana de Bairro Fortunato.
Negro, de origem humilde e sem instrução, Gregório trabalhou durante muito tempo como peão nas fazendas de gado da região de São Borja. Aproximou-se da família Vargas em 1932, quando se destacou no combate à Revolução Constitucionalista de São Paulo, integrado uma unidade comandada por Benjamim Vargas, irmão do presidente Getúlio Vargas. Em maio de 1938, após o fracassado golpe integralista contra Getúlio, Benjamim Vargas organizou uma guarda pessoal para proteger seu irmão. Preocupado em garantir a máxima fidelidade a Getúlio, recrutou em São Borja os 20 primeiros membros da guarda, inclusive Gregório Fortunato, que se tornou, na prática, o chefe da guarda que acompanhou o presidente até o final do Estado Novo.
Em 1945, Gregório assumiu a chefia formal da equipe, sempre sob a supervisão de Benjamim Vargas. Nesse mesmo ano, com o golpe militar de 29 de outubro que depôs Getúlio, a guarda pessoal foi desativada. Nos anos seguintes, Gregório trabalhou como funcionário da polícia gaúcha. Com a eleição de Getúlio para a presidência em outubro de 1950 e a posterior posse em janeiro de 1951, coube-lhe a tarefa de reorganizar e chefiar a nova guarda pessoal do presidente.
Desde o início do governo, Vargas enfrentou uma das mais cerradas oposições da história da República, movida sobretudo pela União Democrática Nacional, por importantes setores das forças armadas e do empresariado, e pela maioria dos grandes jornais do país. Gregório Fortunato era apresentado à opinião pública como símbolo da corrupção que, supostamente, crescia no interior do governo federal, sendo acusado de se aproveitar da sua proximidade com o poder para aplicar uma política clientelística e de favoritismo.
Na madrugada do dia 5 de agosto de 1954, o jornalista Carlos Lacerda, uma das mais destacadas figuras da oposição anti-getulista e então candidato a deputado federal pelo Distrito Federal na legenda udenista, foi levemente ferido em um atentado ocorrido na rua Toneleros, no Rio. No atentado, morreu o major-aviador Rubens Vaz, que o acompanhava naquela ocasião. Logo no começo das investigações, Climério Euribes de Almeida, membro da guarda pessoal do presidente, foi envolvido no crime. No dia 9, Vargas determinou a dissolução da guarda, o que não impediu o aumento da tensão político-militar. Pouco depois, Gregório Fortunato acabou confessando ter encarregado Climério de eliminar Lacerda.
No dia 15, Gregório foi preso e transferido para a base do Galeão, onde passou 24 dias incomunicável, tendo sido interrogado várias vezes. Em seu depoimento, acusou Benjamim Vargas de mandante do crime, mas sempre sustentou a inocência de Getúlio Vargas, que se suicidou no dia 24 de agosto, em pleno desenvolvimento das investigações. Julgado em outubro de 1956, Gregório foi condenado a 25 anos de reclusão. Sua pena foi comutada para 20 anos pelo presidente Juscelino Kubitschek e, depois, para 15 anos pelo presidente João Goulart. Em 23 de outubro de 1962, foi assassinado na penitenciária Lemos de Brito, no Rio.
Gregório Fortunato foi casado com Juraci Lencina Fortunato, com quem teve um casal de filhos.
Fonte: Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001